quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Interessantíssima...Assim podemos adjetivar essa crônica escrita pelo meu grande amigo Antônio Henrique...

Leiam com BASTANTE atenção...e tentem descobrir o que de fato faz dela tão perfeita..

Doce Glória
" É uma ventura inigualável fazer parte do maior coral do mundo, pois para participar dele não precisa fazer inscrição prévia para exame de seleção, sequer conhecer uma nota musical ou ensaiar cantos exaustivamente; muito menos ter ouvido falar do grande tenor Enrico Caruso. Só precisa ter jeito de menino e alma de torcedor.

Quanto ao regente deste imenso coro, sua figura há de ser o centro deste grandioso feito, pois ele também não precisa sequer ter visto grafado uma clave de sol, nem saber, no mundo da música o que é uma colcheia ou uma seminima mesmo porque não há uma orquestra a tocar. A Afortunada canção que reina nesta dança ímpar é executada pelo seu próprio corpo que dele faz fluir o baile do futebol, num misto de samba, mambo ou rumba, e porque não dizer?, um bolero.

E lá vai a bola.

Se deste reluzente e mágico espetáculo também participassem Hércules, Platão e Tales de Mileto, a força, a sabedoria e o conhecimento matemático destes homens figurariam neste imenso palco teatral apenas como singelos coadjuvantes. No mais é dar asas a imaginação para que no auge de sua incessante busca, a voz deste artista do drible e da bola se una no maior coral do mundo e imite com perfeição o vociferar do mar que brame, que ruge.

E lá vai a bola.

Domingo imperdível. Nas arquibancadas e nas TV's os olhos brilham fixos e atentos enquanto aqueles que ouvem a partida pelo rádio ficam a imaginar o gesto dos jogadores que sobre o enorme tapete verde, além de regentes, são também dançarinos. Com donaire põem a sua mercê a execução da dança, uma dança acobertada pelo repente, sem coreografia, porém capaz de deixar Carlinhos de Jesus boquiaberto.

E lá vai a bola.

Corpos suarentos se encontram e o ritmo da dança por vezes toma ares de batalha, porém estes infames guerreiros(ou dançarinos?) são apaziguados por um intemerato homem, que num gesto peculiar coibe o vendaval desnivelador dos sonhos de vitória. É naquele exato instante que é dado o recado: a todos é ofertado o direito de demonstrarem suas habilidades na execução desta divinal arte, mas que seja executada em igualdade de condições, afinal, são 22 varões a desfilarem sua dança nupcial em torno de uma só dama: a BOLA. E dali sairá apenas um eleito para que a tome noiva e a leve até um excêntrico altar: a REDE.

E lá vai a bola.

A sístole diástole dos corações aumentam seus fluxos, o respirar é ofegante nos jogadores e nos torcedores. É preciso nervos de aço. A apreensão é a demonstração natural que a azáfama do resultado é igual entre ambos, qual seja o balançar da rede, para que a alegria vindoura tenha o mesmo sabor que o tríduo momesco.

E lá vai a bola.

Se naquela partida a rede foi balançada apenas pelo vento não tem problema, o que valeu foi a doce lembrança do fascinante espetáculo, para que num futuro, alguém chama para si o ouvido de outrem e lhe conte com riquezas de detalhes o desiderato do genial Pelé, quando na copa de 70, após cabeçada fulminante obriga o arqueiro da Inglaterra a buscar seu lado felino e praticar cinematográficamente defesa que foi considerada a maior do século, ou ainda conta a proeza do pueril Mané Garrincha, que numa ginga de corpo põe ao seu encalço dois jogadores grandalhões enquanto a bola fica no mesmo lugar que se iniciou o desenho de tão hilariante cena. E porque não relembrar com carinho a irreverência do aquilino goleiro colombiano Higuita, que assombrou o mundo ao protagonizar uma defesa circense? Ele posicionou seu corpo tal qual um pássaro a planar e rebateu a bola com os pés, na altura dos tendões de Aquiles. Afinal, estes homens fazem do ludopédio uma apresentação de singular beleza, um show fantástico.

E lá vai a bola.

Mas, esta história poderia ter se iniciado assim:
Era uma vez, dois bois que puxavam carroça na fazenda onde viviam. Um deles cansado de sua vida monótona de ir pra lá e para cá deixou seu torrão e se transformou em chuteiras. O outro boi, para não se separar de seu companheiro de jornada emprestou seu couro para, juntos, brilharem nos campos de futebol e se transformou em BOLA.

E lá vai a bola."


Bom...o detalhe é o seguinte...
Está crônica,indo na contramão do verdadeiro objetivo futebolistíco, NÃO POSSUE A PALAVRA GOL.

Valeu Antônio, por todas as crônicas a mim enviadas, logo logo estarei publicando as outras..
Grande abraço..

Um comentário:

  1. E aí galera do Vai gritar Bocão!

    Belezera?

    Meu amigo Luiz de Souza do Fúriahexacampeã http://furiahexa.blogspot.com/ indicou o blogue de vocês!

    Achei legal e gostaria que conhecessem o novo que criamos!
    Acho que ele falou já com vocês sobre um projeto de construir um blog destinado à vários torcedores, já que o Fúriahexa é esclusivamente sãopaulino.

    Se quiser visitar-nos o endereço é http://fanticospelabola.blogspot.com/

    Adicionamos um link direto para o Fúriahexa e se quiserem, adicionaremos o de vocês também!

    Se fizerem o mesmo, estaremos todos sempre atualisados com os blogs uns dos outros!

    Abraços!

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